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Extraído da Revista Ultimato

Texto básico: Gênesis 2. 18-25

O Senhor nosso Deus nos ama e manifesta seu amor no cuidado que tem por nós. Compreendemos melhor esse cuidado, quanto mais conhecemos acerca das coisas que Deus tem preparado para nós o seu povo.


A família é uma das áreas onde o amor de Deus pelos seus eleitos se demonstra mais intensamente. Na aliança de amor que Deus estabeleceu com a sua criação e o seu povo, a família recebe um cuidado todo especial. Assim, tanto o primeiro lar, como nosso lar futuro, nos dão vislumbres gloriosos de Deus e de seu projeto para a família.
As lições que aprendemos sobre esses lares (o primeiro lar e o lar futuro) devem ser aplicadas ao terceiro lar – nossa casa.

I. O lar do jardim O lar do jardim era um lugar da graça. Depois de chamar à existência a criação, o Deus Trino criou o homem e a mulher à sua própria imagem (Gn 1.26; 2.7).
Por ser criado à imagem de Deus, o homem tinha a capacidade de viver em comunhão com Deus. O homem podia viver face a face com Deus e depois refletir a glória de Deus aos outros.

Após cada ato da criação Deus pronunciou a bênção: “é bom”. Mas quando criou o homem, Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2.18). Não se tratou de um erro divino. Foi um projeto divino. Não era bom que o homem estivesse só porque Deus o projetou para viver em companhia. Então Deus disse: “far-lhe- ei uma
auxiliadora que lhe seja idônea” (Gn 2.18), ou seja, uma auxiliadora que lhe fosse adequada.

Então, o lar criado por Deus para o homem tornou-se perfeito, porque havia alguém a quem o homem pudesse refletir a glória de Deus. Ao compreender este aspecto do plano de Deus para sua família, nosso pai Adão exultou de alegria, pois, a partir da criação da mulher o homem compartilharia toda a criação de Deus com
alguém que era carne da sua carne e ossos de seus ossos, e com quem se fundiria numa só carne.

Ambos, homem e mulher, receberam uma incumbência cultural (Gn 1.28) de governar a criação que lhe era submissa. Para tanto Deus providenciou para ambos os recursos necessários para executarem suas responsabilidades, de forma que as espécies vegetais e as espécies animais lhes fossem por mantimento (Gn 1.29,30), como efetivamente foi feito.

II. Os princípios do lar do jardim

Os princípios desse primeiro lar eram os seguintes:

  1. O Senhor Deus formou o homem e o colocou no jardim. “Deus” é o Criador soberano. “Senhor” é o seu nome pessoal; revela seu relacionamento pessoal e seu compromisso com o homem e a mulher.
  2. Deus construiu o lar do jardim. Esse santuário foi edificado e abastecido por Deus. Era o lugar ao qual eles pertenciam.
  3. Homem e mulher foram criados à imagem de Deus.Tinham capacidade para viver em comunhão íntima com Deus. Havia igualdade de posição, como portadores da imagem de Deus.
  4. Foram criados macho e fêmea.A igualdade não excluía a diversidade de sexos. A igualdade permitia que essa distinção fosse perfeitamente complementar, que se mesclassem numa unidade que refletia gloriosamente a unidade da Trindade.
  5. O homem foi criado primeiro e deu nome à mulher.A ordem da criação e o privilégio de dar nome à mulher conferiram ao homem a responsabilidade da liderança e autoridade na casa (1Tm 2.11-13).
  6. A mulher foi planejada para ser auxiliadora.Isso não implicou inferioridade de posição ou de responsabilidade. A palavra hebraica para auxiliadora – ezer – muitas vezes é usada no Antigo Testamento para se referir a Deus como nosso ezer. É a presença da mulher neste contexto que dá inteireza ao lar do jardim, tornando-o completo.
  7. Eram uma só carne.Essa intimidade maravilhosa removeu a solidão de Adão e proclamou a centralidade do casamento. O fato de serem homem e mulher, marido e esposa, dois numa só carne, exige um respeito mútuo, de forma que respeitar o outro é respeitar a nós mesmos.
  8. Casamento significaria deixar pai e mãe. Adão e Eva seriam o pai e mãe de quem os filhos deveriam se separar para constituir seus próprios casamentos. Por meio desse processo, os relacionamentos ficariam fortalecidos, e a unidade das famílias ficaria preservada.
  9. O homem estava unido à sua esposa.Essa é uma linguagem pactual, que reflete o compromisso de Deus para com os seus.
  10. Havia nudez, mas não vergonha.Homem e mulher podiam estar nus, um diante do outro, porque refletiam mutuamente a glória de Deus.

Adão e Eva tinham responsabilidades. O primeiro casal podia refletir mutuamente a glória de Deus e então voltar-se para a criação com uma unidade de propósito – obedecer ao mandato cultural de ser fecundo e de exercer domínio sobre a terra.

O lar do jardim era um santuário da graça porque Deus estava lá e vivia em comunhão com os portadores da sua imagem. Adão e Eva contemplavam a glória de Deus e então tocavam um ao outro com a glória daquele amor. Todas as responsabilidades de um para com o outro, e de ambos para com a criação, estavam em harmonia. Não havia egoísmo, vergonha, nem tristeza.

O lar do jardim está fora de alcance para nós, hoje. Não podemos alcançar plenamente aquela unidade, porque pecamos em Adão. Mas o Filho de Deus providenciou um modo de os filhos de Adão serem redimidos. Comprou um lar celestial que excede em excelência o lar do jardim.

III. O lar celestial

As semelhanças entre o lar do jardim e o lar celestial são marcantes. O céu é o lugar da habitação de Deus e, portanto, é um santuário da graça (Ap 21.1-4, 22.1-5).

Sabemos que Jesus já preparou esse lugar para nós e que ele nos levará para lá (Jo 14.2,3). Sabemos que o céu é um lugar onde seremos bem recebidos porque Jesus quer que estejamos lá com ele (Jo 17.24). Sabemos também que viveremos lá para sempre gozando da bondade e da misericórdia de Deus eternamente. (Sl 23.6).

Zacarias registra uma declaração do nosso lar celestial. No sentido imediato, a visão aplica-se aos judeus que tinham voltado do exílio na Babilônia. Mas a descrição do profeta oferece esperança para nós também, pois o texto fala da comunidade do povo de Deus, reunida, com Deus no seu meio (Zc 8.3-8).

Iremos novamente contemplar a Deus e refletiremos somente Deus uns aos outros. Seremos seu povo e ele será sempre fiel e justo conosco, não porque mereçamos, mas porque ele se uniu a nós na fidelidade da sua aliança. Seremos novamente a comunidade do pacto reunida por Deus, em Deus e com Deus no nosso meio.

Na cidade de Deus não haverá distância entre as gerações, não haverá culpa, nem tristeza, pois Deus habitará conosco no meio da sua cidade, e portanto, não haverá pecado na Santa Cidade. É justamente por causa do pecado que nunca poderemos ter uma réplica do nosso lar celestial aqui na terra. Mas, isto não deve impedir que o lar cristão seja uma amostra, um exemplo do lar que nosso Salvador comprou e preparou para nós.

Estamos hoje entre o lar do jardim e o lar celestial. Não podemos criar o céu na terra, mas nossos lares podem e devem ser um reflexo do lar que nosso salvador comprou e preparou para nós.